A logística reversa de aparelhos eletroeletrônicos e eletrodomésticos em final de vida útil já começa a se tornar realidade em São José dos Campos (SP). A cidade foi escolhida pela Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree) para abrigar o programa piloto de destinação ambientalmente correta de computadores, celulares, geladeiras e fogões que o consumidor joga fora.
Em 23 dias de campanha, realizada entre os dias 13 de abril e 5 de maio, foram arrecadadas 6,4 toneladas de lixo eletrônico em dois pontos de coleta, instalados em locais de grande visitação pública. O volume coletado, segundo o presidente da Urbanizadora Municipal de São José dos Campos (Urbam), Luiz Carlos de Lima, ficou acima das expectativas dos organizadores do programa, cuja meta era arrecadar cerca de 4 mil toneladas.
"O engajamento da população à campanha de coleta surpreendeu, principalmente, pelo pouco tempo de realização", disse. Pesquisa feita pela prefeitura com 1.340 moradores de São José mostrou que 26% teriam algo para descartar, mas 81% deles afirmaram que teriam interesse em participar desse tipo de campanha.
Segundo o prefeito de São José dos Campos, Carlinhos Almeida, a coleta domiciliar de resíduos eletroeletrônicos já era feita antes da campanha e continuará sendo executada normalmente, por meio da Urbam, mediante agendamento prévio.
"Desde a sua implantação, no início da década de 90, o serviço de coleta seletiva tem sido difundido e aceito pela população de São José. Hoje, esse serviço é feito de porta em porta em 95% do município e, para os demais bairros, onde os caminhões não chegam, existem locais disponíveis, os Ecopontos, para que a população entregue os materiais recicláveis", explicou Almeida.
Com 55 toneladas de lixo reciclado por mês, São José é considerada a quinta cidade do Brasil com maior volume de lixo coletado e reciclado, depois de Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.
A prefeitura está buscando agora uma alternativa para seu atual aterro sanitário, onde diariamente são despejadas 550 toneladas de lixo. Para encontrar a melhor solução ao aterro, que só tem mais 10 anos de vida útil, a prefeitura lançou, esta semana, o Inova Urbam, um centro de pesquisas aplicadas em resíduos sólidos, que vai desenvolver pesquisas em tecnologias que possam transformar os resíduos em energia ou outras fontes de combustível.
"Por meio de parcerias com instituições de ensino e pesquisa públicas e privadas vamos oferecer alternativas para o Brasil e as cidades transformarem o lixo em algo útil para a população", disse o presidente da Urbam.
O projeto da logística reversa de eletrodomésticos e eletroeletrônicos é uma resposta inicial à Política Nacional de Resíduos Sólidos, que determina o descarte adequado de equipamentos que não têm mais utilidade para a população. O setor de eletroeletrônicos tem até o dia 13 de junho para apresentar ao Ministério do Meio Ambiente seu plano de logística reversa.
Por: Virgínia Silveira | Valor Econômico - 13/05/2013