sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Lixo que vira literatura

Programa de educação ambiental muda a vida de Maria Clara


Transformar lixo em livros pode ser uma tarefa complicada. A extensionista da Emater Maria Clara Picoli pensa diferente. E a comunidade agrícola de Cristal também. Graças à ação e ao empenho de Maria Clara, com criatividade e colaboração mútua, os produtores do Sul do Estado mostram que é possível fazer milagre e, de quebra, reduzir o impacto ambiental no campo.

Ao coordenar a coleta seletiva no interior do município, a extensionista lidera uma ação aplaudida no meio rural e na cidade.

– É um esforço inédito e único no Estado. Exercer a educação ambiental no meio rural é uma lacuna que devia ser preenchida em várias outras regiões – exalta a diretora da Biblioteca Municipal, Simone Silva.

No projeto Luxo Que Vem do Lixo, a prefeitura mobiliza a população da separar e recolher o lixo seco. Parte dos resíduos é vendida e destinada à manutenção da biblioteca pública, que recebe assinaturas de revistas e jornais. Jogos educativos e eventuais reformas no local, como a pintura do prédio e a conservação dos jardins, também são adquiridos com o recurso. A renda anual chega a R$ 3 mil.

Outra parte do lixo inorgânico é transformada em utensílios para uso dos produtores e para venda. É aí que entra o papel de Maria Clara.

Por meio de oficinas de garrafa PET para produtoras do interior de Cristal, a pelotense de 46 anos também ajudou a diminuir o acúmulo de resíduos e passou a agregar renda à família rural. Com o material recolhido, são confeccionados objetos como pufes, mesas e cortinas.

Graças a esse trabalho, a extensionista foi uma das 12 premiadas com o prêmio do governo do Estado Semente de Vida. Formada técnica em Economia Doméstica pela KVG Consultoria, recebeu o troféu na categoria Gestão Ambiental, em Rio Grande.

– Meu maior prêmio é ver em prática estas ações de conscientização ambiental – diz a colaboradora.


Como tudo começou
A necessidade do projeto no campo partiu dos próprios produtores. Até então, o grande número de sacolas e garrafas plásticas era enterrado, queimado ou depositado em sangas.


FERNANDO HALAL | Rio Grande/ Campo e Lavoura
Jornal Zero Hora - 14 de agosto de 2009 | N° 16062



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