terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Amazônia do “Brazil”!

A Amazônia é de soberania de seus estados nacionais, contrapondo os interesses de alguns países que desejavam uma soberania compartilhada, tendo influência na gestão de seus bens. No âmbito internacional existe uma disputa pelos estoques de riquezas naturais. Os avanços das novas tecnologias, principalmente nos países ricos, têm um contraste com as reservas naturais que estão localizadas nos países mais periféricos.

     A região amazônica sul-americana, ou Grande Amazônia, tem cerca de 7.500.000 km², distribuídos por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. A Amazônia Legal brasileira corresponde a quase 60% do território nacional, com uma superfície aproximada de cinco milhões  de km², abrangendo oito estados.

     A economia dessa região sempre teve como base o infinito, tanto de suas terras como de seus recursos naturais. O grande desafio é assegurar o crescimento econômico da região com a conservação dos recursos naturais, da biodiversidade e a inclusão social dos povos amazônicos. Para o economista Ignacy Sachs, que participou, em 2009, do 3º Fórum Amazônia Sustentável, é preciso pensar um desenvolvimento baseado em valores humanos, com grande conteúdo de ciência, conhecimentos tradicionais e baixas emissões de carbono. O futuro da Amazônia, acrescenta, deve passar por um investimento em pesquisas sobre a biodiversidade, implementando de forma mais efetiva o zoneamento econômico ecológico e a exigência de certificações para todos os produtos florestais.

Desmatamento

     A região amazônica tem cerca de 60% de toda floresta tropical do mundo, sendo 35% delas em território brasileiro. O pesquisador do Imazon Adalberto Veríssimo defende a regularização fundiária como um dos fatores importantes para o controle do desmatamento e um esforço político de efetuar uma nova economia de baixo carbono. 

     Existe um enorme potencial com base no chamado REDD (Programa Colaborativo das Nações Unidas sobre Redução de Emissões Derivadas do Desflorestamento). Poderíamos gerar serviços ambientais fundamentais para o clima mundial e, em consequência, criar atividades mais bem remuneradas para os povos da Amazônia, fazendo com que a floresta tenha mais valor em pé do que derrubada.

     Florestas e terras são bens públicos, e o Estado deve ser soberano em exercer o poder de decisão sobre os interesses da nação. Não podemos ter empresas do agronegócio (soja), indústrias, madeireiras e pecuaristas se expandindo e degradando o meio ambiente. Um tema que chamou a atenção na campanha eleitoral passada foi o novo código florestal, que regula as áreas cobertas por vegetação natural e as que podem ser desmatadas ou alteradas. Existem os que defendem a manutenção das regras atuais e os que querem flexibilizá-las. É um projeto polêmico que será de fundamental importância para o futuro da agricultura e a proteção florestal.

Desafios

     O desafio político atual é efetivar novas estratégias, baseadas em conhecimento, informação e uso da ciência e tecnologia em prol de pesquisas científico- tecnológicas nacionais. O governo não pode ser omisso e tolerante com modelos de desenvolvimento não sustentáveis. É urgente e necessário fomentar programas que possam agregar as comunidades locais e os ribeirinhos, aproveitando sua diversidade cultural. Estabelecer normas rigorosas com relação aos direitos de propriedade e uso dos recursos naturais e adotar práticas em sistemas de uso intensivo e que tenham manejo sustentável, preservando a cobertura florestal e a biodiversidade da Amazônia.

     Para Bertha K. Becker, professora de Geografia e estudiosa da Amazônia, é preciso implementar outro modelo de exploração do patrimônio natural, com base na ciência e na tecnologia. Sempre houve apropriação de recursos naturais sem agregação de valor. É necessário que tenhamos empresas modernas, com tecnologia avançada e de acordo com as questões ambientais e sociais. A cadeia produtiva não pode ser voltada apenas para exportação. Gerar o desenvolvimento é também pensar nas cidades e nos povos nativos.

Sugestão de Leitura:
Amazônia: Geopolítica na Virada de III Milênio, de Bertha K. Becker. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.

Sugestão de Sites:

por Emerson de Fraga Freitas, formado em administração e integrante da equipe Mundo Jovem. Endereço eletrônico: emerson@pucrs.br
Twitter: www.twitter.com/EmersonFraga

Artigo publicado no Jornal Mundo Jovem, edição nº 413, Fevereiro/2011, página 8.


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